Instituições de longa permanência para idosos precisam de atenção redobrada

Protocolo esclarece os pequenos negócios do setor para a garantia da saúde e da segurança dos residentes, cuidadores e profissionais que atuam nesses ambientes

Passados quase três meses do início da pandemia do coronavírus, as atividades empresariais começam, lentamente, a serem retomadas no Brasil, onde caberá a cada estado e município definir quando liberar as operações em cada segmento econômico. Pensando nas necessidades dos pequenos negócios, que buscam orientação e informações referenciadas por autoridades de saúde, o Sebrae sistematizou uma série de protocolos com procedimentos que vão ajudar essas empresas na reabertura de seus negócios de forma segura para empresários, funcionários e clientes. Nesse contexto, um dos segmentos mais importantes, devido às especificidades do seu público, e que tem recebido a atenção das autoridades de saúde no Brasil e no exterior, é o setor das Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI).

O protocolo de Reabertura elaborado pelo Sebrae para esse segmento, com base em referências nacionais e internacionais, alerta para o fato de que a Covid-19 é comprovadamente mais perigosa para pessoas com mais de 65 anos de idade. Dados disponíveis em um estudo na China revelam que a mortalidade na faixa etária entre 60 e 69 anos é de 3,6%, para pessoas entre 70 e 79 anos, a mortalidade é de 8% e, para os idosos com mais de 80 anos, fica em torno de 14,8%. Nesse sentido, alerta o protocolo, essas instituições devem implementar medidas rigorosas de prevenção e controle de infecção para evitar ou reduzir ao máximo que os residentes, seus cuidadores e profissionais que atuem nesses estabelecimentos sejam infectados pelo vírus.

A primeira orientação é a atenção aos decretos de cada região, para saber se as normas internas da instituição estão de acordo com as orientações das entidades reguladoras oficiais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), Agência da Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Saúde, entre outras; além de portarias das secretarias estaduais e municipais da saúde. O documento do Sebrae esclarece que os cuidados para a prevenção da doença junto a esse público e nessa natureza específica de empresas, vai muito além das recomendações básicas de lavar permanentemente as mãos, usar máscaras e praticar o isolamento social. Nesse negócio, outros aspectos envolvem desde a logística até os cuidados com a atenção emocional dos idosos.

É preciso garantir a limpeza correta e frequente das superfícies das áreas comuns, dos dormitórios e de outros ambientes utilizados pelos residentes. O desinfetante de mãos ou álcool em gel deve ser colocado em locais de destaque e é fundamental certificar-se de que funcionários, contratados e residentes tenham acesso a locais onde possam lavar as mãos com água e sabão. Os gestores das instituições devem ainda afixar cartazes com instruções sobre higiene das mãos, respiratória e sobre a etiqueta da tosse nos acessos e em locais estratégicos, além de garantir máscaras faciais e a redução da capacidade de público do estabelecimento, de modo que seja possível minimizar o contato.

Outro ponto observado pelo protocolo do Sebrae é que as pessoas idosas em isolamento ou quarentena devem receber cuidados e apoio emocional. Caso esse tipo de serviço ainda não seja oferecido de forma profissional, é importante que o gestor adote como prática a conversa diária com os residentes, escutando-os de forma atenta e gentil e demonstrando que o isolamento é necessário, mas será por tempo limitado. Esse cuidado dever ser objeto de atenção de toda a equipe de profissionais da empresa.

Para equipe profissional

Além das recomendações básicas da OMS e Ministério da Saúde, o Sebrae orienta que seja organizada uma área de chegada para os profissionais, disponibilizando álcool em gel para higienização das mãos e das solas dos sapatos (como um borrifador com álcool 70% ou tapete com desinfetante). Essa área deve contar com um espaço reservado para guardar bolsas e itens pessoais dos colaboradores, que devem trazer o mínimo de objetos pessoais, acondicionando-os em sacolas plásticas fornecidas pela instituição.

Também é preciso verificar se os locais de trabalho estão limpos, bem como se as superfícies (mesas e bancadas) e objetos (telefones, teclados) estão sendo higienizados com desinfetante regularmente. Importante ainda alertar os funcionários fiquem em casa, caso apresentem uma tosse leve ou febre baixa (37,3 C ou mais), esclarecendo que poderão contar esse tempo como licença médica.

Dicas práticas:

Sobre o local de Trabalho

* Garanta a limpeza correta e frequente, diariamente e sempre que necessário, das superfícies das áreas comuns, dormitórios e outros ambientes utilizados pelos residentes;

* No caso da ocorrência de residentes com sintomas respiratórios ou com suspeita (ou confirmação) de infecção pelo coronavírus, a desinfecção de todas as áreas descritas deve ser realizada logo após a limpeza com água e sabão/detergente neutro. Nesse caso, é importante maior atenção à limpeza e desinfecção das superfícies mais tocadas (maçanetas de portas, telefones, mesas, interruptores de luz, corrimãos e barras de apoio etc.) e dormitório, sendo recomendado, no mínimo duas vezes por dia.

* Diminua a capacidade de público do estabelecimento, de modo que seja possível minimizar o contato;

* Planeje um espaço separado para recepção de mercadorias, estoques e outros insumos. Denomine esse espaço de área suja. Esta deve ser limpa com frequência maior e pelo menos duas vezes ao dia. Imediatamente após a chegada de mercadorias, insumos ou mesmo recepção de fornecedores proceda à limpeza e desinfecção de mercadorias.

Sobre os colaboradores

* Meça a temperatura de todos os funcionários para detectar febres

* Oriente que os colaboradores devem vestir o uniforme ou roupa de trabalho somente no local de trabalho. Uniformes, EPIs e máscaras não devem ser compartilhados;

* Escolha um colaborador para fiscalizar se os novos procedimentos estão sendo efetuados da forma estabelecida. Indicado trocar de colaborador periodicamente para essa função.

Sobre os residentes

* Os residentes devem ser orientados a não compartilhar cortadores de unha, alicates de cutícula, aparelhos de barbear, pratos, copos, talheres, toalhas, roupas de cama, canetas, celulares, teclados, mouses, pentes ou escovas de cabelo etc.

* Elimine ou restrinja o uso de itens de uso coletivo, como controle de televisão, canetas, telefones etc.

* Certifique-se de que os residentes estejam com as vacinas em dia, principalmente aquelas relacionadas a doenças respiratórias infecciosas, conforme calendário de vacinação do idoso, definido pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério das Saúde. Todos os residentes devem estar com o Cartão de Vacinação para o Idoso completo;

* Reduza o tempo dos residentes nas áreas comuns para evitar aglomerações, garantindo a distância mínima de 1,5 metro entre eles. Deve-se estabelecer escalas para a saída dos idosos dos quartos para locomoção em áreas comuns, banhos de sol etc. Essas atividades são importantes para a saúde e bem-estar dos idosos, mas devem ser definidos horários e escalas para que haja um número limitado de idosos nas áreas comuns;

* Sirva as refeições, de preferência, nos quartos dos residentes ou escalone o horário das refeições de forma que uma equipe possa gerenciar a quantidade de pessoas (mantendo a distância mínima de 1,5 metro entre elas), e para proporcionar o intervalo de tempo adequado para a limpeza e desinfecção do ambiente. Preferir quentinhas individuais para que os residentes comam longe uns dos outros;

Sobre os Visitantes

* Reduza, ao máximo, o número de visitantes, assim como a frequência e a duração da visita. Estabeleça um cronograma de visitas para evitar aglomerações.

* Suspenda a visita de crianças, pois são possíveis portadores assintomáticos do coronavírus.

* Suspenda ou reduza a entrada dos voluntários e serviços que não são essenciais, como cabeleireiros e barbeiros.

Fonte: www.agenciasebrae.com.br